Na Varanda

Da varanda, vejo o tempo passar.

O vento que sopra, leva a folha seca para qualquer lugar,

Passa a morena, passa a mulata, passa até a loira, belas não posso negar!

O pássaro canta sua melodia, no galho do arvoredo...

A criança com sua pipa à empinar, no alto do céu azul.

Na varanda, pode ser sentido a presença do Criador!

Vejo no beijo do beija-flor, o sol raiar pela manhã e ao findar do dia.

A grandeza da cidade e da suas construções, passam aos meus olhos.

Da varando, as horas voam.

Espero mensagem de quem partiu, sem marcar hora de retornar;

Da varanda ouço o grito da vizinha à chamar seu genuíno que na rua estar.

Ouço o estrondo do som, de quem, a potencia não sabe frear.

É na varanda, que vejo o mundo girar!

Sem entender quando essa roda vai parar.

Findo aqui este poema, escrito na varanda de pau a pique.

Deixando o tempo passar, e para concretizar, registro este momento, na varanda ou em qualquer lugar.

O Fulgor da Eterna Chama.

Ah, rara gema, de esplendor sublime!

Em ti, minh'alma extasiada se fascina.

Se és minha, se és tua, que importa, ó destino?

Já me indaguei, e fui, no amor, questionado.

Não há de ser explicada tal ventura, tão rara!

Um fulgor que a minh'existência ilumina...

Me encanta o ser, e me faz a alma cantar,

Ó mais preciosa joia, a mais cara.

Foste lapidada, e a mim me lapidaste;

Foste, em mãos divinas, joia do Oleiro,

Que transformou e ainda em mim operaste a diferença...

Em pura preciosidade te tornaste.

Não sou poeta, nunca tal pensei ser.

Aconteceu, e eis-me aqui, em devaneio;

A descrever a Joia, em profundo anseio.

Esta Joia, por ventura, é meu grande amor.

Sou Negro Sim!

Acordei hoje pálido, não consegui entender.
sem febre, sem dor, sem feridas;
Sim, amanheci estranho, não me vi.
olhei-me no espelho, nos reflexos das coisas;
Estava diferente sim, não entendi nada.

Gritei por qualquer pessoa
chegaram apavorados e sem entender os gritos!
O que esta acontecendo? alguém me perguntou!
- Esta cor não é minha, de fato não é.
Então, o que esta acontecendo? não vemos nada de errado!

Meus Deus, estou diferente, não sei como explicar;
Minha vida esta ao avesso, minha cor pálida...
Todos me olham e não dizem nada!
Eu quero respostas, não tenho dor, nem essa cor...
Sou claro ou pálido? essa não é minha cor.

Vejam, vejam o que acontece!
Azul agora estou, me digam o que há!
Roxo, azedo, amassado, quero definir.
Sei que muitos não notam, mas algo acontece.
Chego a delirar, minha cor tem cor sim!

Virei-me de outro ângulo, e pude perceber.
Estava manchado com cores de varias tintas,
E minha cor estava preservada e pude vê;
Que Sou Negro Sim, esta é minha cor...
Com orgulho e sem preconceito, sou negro nato
e não sou bicho do mato.

Sou negro avantajado, não sou mulato;
Sou livre, não tenho medo.
Não sou diferente, também sou gente;
e mereço respeito...
Sou negro e não pálido, minha cor não é do mato.